A vida em uma Capital de estado apresenta realidades
adversas como conviver com a violência, o frenesi cotidiano e outras
dificuldades comuns aos grandes centros. Mas raramente refletimos sobre a zona
rural das cidades, onde seus moradores enfrentam outros tipos de problemas.
Para os alunos da Unidade Escolar Areolino Leôncio da Silva, localizada no
Povoado Boquinha, em Teresina-PI, essas dificuldades não os fizeram abandonar
os estudos, já que receberam todo o material didático da escola e conseguindo
concluir o ano letivo pelo ensino remoto.
Gerenciando 103 alunos de Ensino Médio regular e Educação
de Jovens e Adultos (EJA), a diretora da escola, professora Carmina Fernandes,
afirma que a parceria com a 21ª Gerência Regional de Educação (GRE), que cede um
carro quizenalmente para entrega do material, foi fundamental para que os
estudantes prosseguissem.
"Pensando na dificuldade de acesso dos alunos, que moram
em diversas comunidades distantes da escola que não são dotadas de
infraestrutura de internet e celular, a coordenação pedagógica e os professores
elaboram o material didático, que é reproduzido na escola pela equipe de apoio
e levado aos alunos nas comunidades. Eles são ouvidos quanto às dúvidas,
fazendo o intermédio entre professor e aluno, para minimizar as dificuldades.
Essa foi a melhor forma encontrada para ajudar os estudantes a não terem mais
prejuízos ou até mesmo perderem o ano letivo", relata a diretora.
Residente no povoado Porção, Maria das Dores está prestes
a concluir o 2° ano do Ensino Médio na escola Areolino Leôncio da Silva e
sente-se grata pela alternativa encontrada para possibilitar que ela estudasse.
"Estou fazendo minhas atividades pela intenet, mas mesmo
assim os professores elaboram o material que é entregue na porta de casa.
Também uso meus livros. Passamos essa pandemia toda tendo tempo pra estudar e
fizemos o que pudemos. Estou satisfeita e agradecida pelo empenho dos
professores e da diretora", revela a estudante.
Sem sair do povoado Nova Olinda, o jovem Vinícius Silva
também está chegando ao final da Vll Etapa da Educação de Jovens e Adultos.
"Agradeço muito ao professor Antônio, que me entrega pessoalmente as
atividades, eu as faço e entrego pra ele corrigir", comemora o aluno.
Seduc fez envio de recursos para escolas imprimirem
material
Com o objetivo de fornecer material didático produzido
para os alunos de todas as escolas da rede que não têm acesso às tecnologias
digitais de informação e comunicação, a Secretaria de Estado da Educação
(Seduc) liberou recursos do Programa de Autonomia, Cooperação e Transparência
das Unidades Escolares (PACTUE). Foram R$ 1.490.886,00 (um milhão, quatrocentos
e noventa mil, oitocentos e oitenta e seis) reais a mais para a inclusão de
alunos no regime emergencial de aulas remotas.
Junto a esse valor, também foi liberado pelo
PACTUE/Pacnet R$ 179.550,00 (cento e setenta e nove mil, quinhentos e
cinquenta) reais destinados à contratação de provedor de internet nos termos da
Instrução Normativa GSE/ADM nº 014, de 05 de outubro de 2018, destinados
prioritariamente à aquisição de serviços de tecnologia e garantir o acesso à
internet de alta velocidade para as unidades durante o período de suspensão das
atividades presenciais.
A diretora da Unidade de Gestão e Inspeção Escolar (UGIE),
Ana Rejane Barros, explica que os recursos atenderam todas as 646 escolas da
rede estadual de educação nesse momento de pandemia.
"O recurso para reprodução de Material Didático -
Roteiro de Aprendizagem Off-line, por meio do PACTUE, beneficiou todas as
escolas no apoio a alunos que não têm acesso às tecnologias digitais de
informação e comunicação. Já o complemento do Pacnet, para internet, foi para
escolas que tinham extrema dificuldade de fazer com que os conteúdos cheguem a
todos os estudantes, sendo essas escolas geralmente situadas em municípios que
têm grande carência de internet, energia elétrica e estudantes espalhados por
uma vasta zona rural", destaca a diretora.