A escola fica localizada no assentamento 17 de abril, região do Povoado Chapadinha Sul, próximo a BR 316 no km 22, entre as cidades de Teresina e Demerval Lobão. Ligada à 18ª GRE a UELMA funciona nos turnos da tarde e noite com uma clientela próxima aos 300 alunos de diversas comunidades, além dos assentados do Povoado Chapadinha, Cebola, Junco, Buritizinho e Serafim. A escola possui 6 salas de aula e oferece nos dois turnos o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos - EJA, no turno da noite.
Como muitas escolas do campo a UELMA, possui suas
limitações, limitações essas, que estão sendo superadas com os investimentos do
Governo do Estado do Piauí através da Secretaria de Educação e Cultura - SEDUC.
A unidade escolar tem como diretora a professora Lucilene Batista e quem
coordena as atividades é o professor Adilson de Apiaim, que juntos aos demais
professores há bastante tempo, lutam por melhores condições de trabalho para se
fazer uma educação de qualidade.
Fachada da escola
De acordo com a diretora, desde o ano de 2008 a comunidade
busca melhores condições de ensino. "Quando a escola começou a funcionar
eram apenas duas salas de aula, o espaço era insuficiente, então foi feito um
barracão para aumentar o local, mas as condições eram precárias. Só em 2010
foram construídas mais duas salas de aula, e a procura duplicou. Os moradores
então solicitaram a construção de mais salas de aula e no ano passado foram
construídas mais duas salas, mas o nosso sonho não acabou, ainda queremos
mais", afirma Lucilene.
Lucilene, Adilson e Rita (diretora, coordenador e secretária da escola)
A proposta de educação da UELMA é pensar o campo dentro de
um projeto de educação para - e - pelos trabalhadores do campo. Organizada e
gestada com unidade, disciplina e participação coletiva para que seus sujeitos
se encontrem, se organizem e assumam a condição de sujeitos construtores de seu
próprio destino.
Professor e alunos
"Nós projetamos gente para o mercado de trabalho. O nosso
vigia, nossa secretária, a merendeira, o zelador, todos já foram alunos da
escola e hoje estão aqui mostrando o que aprenderam", fala o coordenador. Para ele,
a escola possui profissionais engajados e comprometidos com o ensino e com a
qualidade da educação. "A comunidade se envolve e quer sempre o melhor. Muito
já mudou, não podemos negar, já tivemos alunos aprovados em vestibulares,
nossos professores sempre nos ajudam e nos apoiam, isso nos gratifica e nos
impulsiona mais", orgulha-se o professor.
Quem foi Lucas Meireles Alves
Lucas era uma criança especial e por esse motivo teve um acompanhamento diferenciado por toda sua vida. Morador da região e portador de paralisia cerebral, Lucas era saudável dentro de suas limitações. No ano de 2006, aos oito anos de idade o menino Lucas faleceu. Com a construção da escola no assentamento no ano de 2007, a comunidade decidiu homenagear Lucas atribuindo seu nome à instituição escolar. Maria Carmem Meireles Alves, mãe do Lucas, ex-aluna e hoje zeladora da escola disse que é uma grande satisfação ter para sempre essa lembrança do seu filho. "Sou muito feliz e grata à comunidade por esse ato", conta Carmem emocionada.
Maria Carmem Meireles Alves, (mãe do Lucas)
Educando para a vida
Além de se preocupar com o cultivo da identidade cultural
camponesa a escola se propõe recuperar os veios da educação dos grandes valores
humanos nas várias dimensões da vida, bem como reconstruir novas gerações no
valor da utopia e do engajamento a causas sociais, coletivas e humanas.
"Eu ajudei a construir essa escola, hoje estou como
secretária, e meu filho que estudou aqui, atualmente é universitário". Fala a
secretaria da unidade escolar Rita de Brito Soares. Rita disse ainda que eles
desenvolvem vários projetos. "Trabalhos envolvendo meio ambiente, lixo,
química, arborização, educação fiscal, dentre outros, são desempenhados por
professores e alunos. Nossa preocupação é a formação", conta.
Uma pessoa que faz a
diferença na comunidade, é a dona Deoclécia Sousa, viúva, mãe de 6 filhos e avó
de 4 netos, aos 72 anos de vida, ela é uma das alunas do EJA e só pensa em
aprender sempre mais. "Eu adoro as disciplinas de matemática e geografia, mas
tenho dificuldades com o inglês e o espanhol", diz a dona de casa. Ela acorda
todos os dias bem cedo e além dos afazeres domésticos, ela sempre arruma um
tempinho para fazer a tarefa de casa. Dona Deoclécia, que vive da pensão
deixada pelo marido não pensa em desistir jamais. "É um passatempo, uma oportunidade
para aprender e estou agarrando", comemora.
Deoclécia Sousa
Aprovada no vestibular da Universidade Estadual do Piauí - UESPI para pedagogia, e outra pessoa que tem uma bela história pra contar, Eliane Vieira foi aluna da UELMA e diz que lá aprendeu além dos assuntos das matérias, aprendeu a viver. "Fiz o 1º, 2º e 3º anos lá, sempre acreditei na educação da escola, que é muito boa mesmo. Lá, os professores acreditam na gente, nos dão forças para não desistirmos e além de tudo isso, eles me ensinaram a didática da vida", comemora a estudante. Eliane acorda todo dia às 5:30 da manhã, para poder chegar às 8:00 na universidade, mas ela jamais quer deixar a vida no campo. "Meu sonho é ser uma psicóloga, fazer uma especialização em psicopedagogia ou em educação no campo, para poder ministrar aulas aqui mesmo na região. Sou do campo, gosto do campo e nunca esquecerei minhas raízes", afirma a estudante.
Eliane Vieira
A UELMA tem como concepção e missão, construir
possibilidade efetiva dos educandos a assumir a identidade de sujeitos do
campo, construtores de seu próprio projeto de educação, aprender, pensar seu
trabalho, seu lugar, seu país e seu ideário de ensino e aprendizagem com
dignidade, respeito à diversidade sociocultural, econômica e política que se
encontre.