Weslley Francisco começou a aula de Português da
quarta-feira (05) declamando o poema "Humanidade" que escreveu recentemente. "Com uma palavra veio a inspiração", disse o aluno de 14 anos do Centro
Estadual de Tempo Integral (Ceti) Portal da Esperança, na zona norte de
Teresina.
O talento para escrita só foi aperfeiçoado com a chegada do professor
Alexsandro Rocha da Silva e as oficinas do Mais Português, programa da
Secretaria de Estado da Educação (Seduc) que estimula e desenvolve por meio de
oficinas as habilidades do aluno para leitura e escrita. "Depois que o
professor Alex chegou, nós estamos conseguindo visualizar a melhoria dos alunos,
que têm que sentir prazer ao aprender, e a oficina é um momento de fugir da
rotina. Conciliar a teoria com a prática brincando é muito bom", observa a
professora Fátima Lustosa, coordenadora pedagógica do Ceti, defensora da tese
do pensador Jean Piaget ao afirmar que "o aluno deve ser o construtor do seu
conhecimento".
Um conhecimento que para ser despertado bastou a entrega de
um professor visionário. Alexsandro Rocha da Silva, lotado pela Seduc desde
2004, se dedica a levar à sala de aula técnicas que possam facilitar a
aprendizagem dos alunos e assim despertar o interesse pelo Português. "Me sinto
feliz em ensinar a língua portuguesa, que pode contribuir para o sucesso dos
alunos não só na minha disciplina, mas também nas outras, já que todas exigem
interpretação de texto", diz o professor. Ele entende que é preciso focar no
letramento para incentivar a interação dos estudantes. "A partir do texto o
aluno vai progredir no processo de domínio da escrita, da leitura e da
compreensão e interpretação dos textos", explica.
Para comprovar que está dando certo, nada melhor que o
depoimento dos próprios alunos. "O professor Alex nos ajudou muito na
interpretação, como colocar no papel o que queremos passar e também na questão
da pontuação, em qual lugar colocar as vírgulas, os pontos", fala Weslley
Francisco, que não esconde a afinidade com as palavras.
"Ele nos faz ler e compreender os textos com a interpretação
e assim melhoramos muito", concorda Andressa Teresa, 16 anos, que sonha em ser
Médica Veterinária e sabe que para isso precisa se dedicar mais aos estudos.
"A minha experiência não era tão boa em Português e melhorou
muito com as oficinas do Mais Português e a chegada do professor Alexsandro,
que nos ajuda muito com a escrita e interpretação", relata Francisca Nayara, 15
anos.
A colega de turma, Letícia Araújo, confessa que Português não
era o seu forte, mas que já melhorou e espera melhorar mais. "Eu era bem ruim
de interpretar, não sabia nem diferenciar um texto para um conto. O professor
Alexsandro nos ensina, explica e insiste naquele texto até entendermos", diz a
garota de 15 anos.
Alexsandro da Silva deixa bem claro que os protagonistas da classe são os próprios alunos e para que eles se melhorassem o rendimento começou a aplicar até a música na metodologia de ensino. "Eles tinham um problema de interpretação e para motivá-los comecei a trabalhar com letras de música. O que concluí foi que a partir da música estou ajudando eles em outros gêneros textuais", finaliza o profissional da educação.
Com o sucesso das oficinas, talentos foram revelados. "Vejo
que eles melhoraram. Nós tivemos um evento recentemente e eles participaram
muito fazendo poesias, paródias. Eles gostam muito de poesia", fala Maria do
Socorro Magalhães dos Santos, diretora do Ceti Portal da Esperança. O resultado
disso é que 12 alunos se destacaram tanto com a produção de poemas que o
professor Alexsandro da Silva já está pensando junto com a diretora em publicar
um livro com os poemas dos jovens escritores. "Aproveito esse talento para dar
mais motivação a eles e chegar a produção de outros gêneros textuais", finaliza,
com um sorriso no rosto, o professor.
"O professor Alexsandro desceu do céu. Ele nos ensinou que por trás
de letras existe muito mais sentimentos, é uma forma do ser humano se expressar",
finaliza o jovem escritor Weslley
Francisco, que sonha em dar um futuro melhor para a sua família composta por
mais quatro irmãos e a mãe.
Um projeto que tem rendido bons frutos desde 2017, quando o
Mais Português foi implantado na rede pública estadual, na época, só para o
Ensino Fundamental. Agora, a partir do início do ano, o Mais Português é
obrigatório em todas as escolas do estado para os alunos do 9º ano e Ensino
Médio. "Essa proposta de trabalhar com as oficinas começou neste ano. Melhoramos
o formato, trabalhamos diretamente com os professores, que aprovaram a
experiência. Percebemos que o Mais Português está acontecendo", relata a coordenadora
do programa pela Seduc, professora Márcia Damasceno.
Com o novo formato, os professores de Português recebem
formação sobre as atividades que podem ser realizadas de 15 em 15 dias. Para
saber em quais assuntos será preciso focar, os formadores se baseiam no resultado
do Sistema de Avaliação Educacional do Piauí (Saepi) e Avaliação Global
Integrada (AGI), realizados pela Seduc para monitorar o desempenho do aluno de
acordo com o plano de aula e currículo. Os professores de Teresina fazem as
capacitações no Centro de Formação Antonino Freire e os do interior via
mediação tecnológica pelo Canal Educação. "Dessa forma, conseguimos constatar
quais são as habilidades dos alunos com baixo desempenho e, com base nisso,
desenvolvemos as atividades", reforça a coordenadora do Mais Português.
Todo esse trabalho também só é possível pelo acompanhamento
dos professores nas formações tanto na capital como no interior. O Núcleo de
Acompanhamento Pedagógico (NAP) é o responsável por isso. "Nós fazemos esse
trabalho diretamente com os professores, auxiliando-os, sabendo se as oficinas
estão sendo executadas e, de fato, surtindo efeito e como elas podem melhorar",
explica Mahilda Lima, assessora do NAP da Unidade de Ensino e Aprendizagem
(Unea) da Seduc.