Com o objetivo de debater a educação escolar indígena,
a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) tem realizado ações para a
incorporação de temáticas com base nas realidades locais. Nesse sentido, foi
realizada nesta sexta-feira (18) a Conferência na Comunidade Educativa, no
município de Piripiri.
O encontro, realizado pela primeira vez que no
Piauí, reuniu representantes indígenas com sede nos municípios de Piripiri
e Lagoa de São Francisco para discutir políticas públicas voltadas
para a educação escolar indígena.
"A Seduc está junto às comunidades discutindo as
propostas dos cinco eixos de políticas para a educação voltada para o povo
indígena observando as especificidades de cada povo, como a língua, gestão,
infraestrutura e livros. Recentemente foi implantada a primeira escola nas
comunidades indígenas Canto da Várzea, Oiticica e na zona urbana, que beneficia os índios
Tabajaras em Piripiri. São 79 índios que serão alfabetizados nesse primeiro
momento", declarou a diretora da Unidade de Educação de Jovens e Adultos (UEJA)
da Seduc, Conceição Andrade.
Os cinco eixos temáticos discutidos foram:
Organização e Gestão da Educação Escolar Indígena; Práticas Pedagógicas
Diferenciadas na Educação Escolar Indígena; Formação e Valorização dos
Professores Indígenas; Políticas de atendimento à Educação Escolar Indígena na
Educação Básica e Educação Superior e Povos Indígenas;
Após o debate os encaminhamentos retirados no
âmbito regional serão escolhidos vinte delegados com as propostas locais dentre
os cinco eixos a serem discutidas na Conferência Regional, a ser realizada no
Ceará e, posteriormente, na II Conferencia Nacional de Educação Escolar Indígena
(CONEEI), que deverá acontecer em Brasília no ano de 2017.
A antropóloga e
professora da comunidade Oiticica que também é índia tabajara, Sheila Maria Leite Sales, relatou a importância das políticas publicas voltadas aos professores
indígenas.
"Este é um momento de
reflexão que não pode ser realizada fora do movimento indígena específico.
O movimento dos professores indígenas aparece no cenário coletivo e nos
permite fazer nossas reivindicações à sociedade, a romper com os preconceitos e
alcançar de maneira humana todos os seguimentos sociais. Esperamos que as políticas
se concretizem, pois nossas comunidades necessitam muito desta atenção que o
governador Wellington Dias tem nos apoiado e temos visto isso com muita
esperança", disse a professora.
Já para o cacique,
Henrique Manoel do Nascimento, representando a comunidade Nazaré do município
de Lagoa do São Francisco, destacou as ações de governo para o resgate da
cultura indígena.
"Para nós é muito
importante o que o governo esta fazendo com o resgate da nossa cultura e o
apoio do nosso governador. Todos diziam que no Piauí não tinha índio, mas
estamos emergindo com nossa cultura para mudar o rumo da nossa educação e
outros direitos. O povo indígena está trabalhando e cobrando para dar a nossa
contribuição querendo o mudar o ensino do nosso povo junto ao governo",
finalizou.
Segundo dados do IBGE,
em 2010, cerca de três mil piauienses se declaravam índios. Atualmente, são
reconhecidas pela Funai e Fundação Palmares comunidades indígenas nos
municípios de Piripiri, Lagoa de São Francisco e Queimada Nova. Outras
comunidades espalhadas em 36 municípios do Estado estão em processo de reconhecimento,
desfazendo o mito de que no Piauí não existem índios.