A educação pública do Piauí está transformando paisagens em sala de aula. Em sua segunda edição, o Projeto Turismo Escolar, promovido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc-PI) em parceria com a Secretaria de Turismo (Setur-PI), vai beneficiar este ano 1.500 estudantes da rede estadual – mais que o dobro da edição anterior. O projeto leva alunos do Ensino Médio a roteiros educativos em locais históricos, arqueológicos e ambientais, como os municípios de Piracuruca, São Raimundo Nonato, Luis Correia e Castelo do Piauí, onde os conteúdos de sala se transformam em experiências vivas.
Mais do que uma excursão, o projeto propõe um novo olhar sobre o território e a identidade piauiense, conectando história, geografia, biologia, arte e consciência ambiental por meio de vivências presenciais guiadas por educadores, especialistas locais e materiais interativos.
Em Piracuruca: uma aula entre trilhas milenares
Mais de 40 estudantes do CETI Mundim Ferraz, de Teresina, participaram de um roteiro pedagógico no Parque Nacional de Sete Cidades, em Piracuruca. A trilha envolveu formações rochosas milenares, sítios arqueológicos e mirantes naturais — uma verdadeira imersão interdisciplinar.
“Foi a primeira vez que muitos de nós saímos de Teresina. Descobrimos mais sobre o nosso estado a cada passo”, contou Emilly Vitória, da 2ª série.
“Identificamos o tipo de solo, vegetação, até folhas como a da lixadeira, que antes a gente só via nos livros. Foi emocionante aprender com o que está diante dos nossos olhos”, relatou Cléa Adriana.
Em Castelo do Piauí: fé, história e arte rupestre em um mesmo roteiro
Já os 44 alunos do CETI Nair Gonçalves viveram uma verdadeira viagem pelo tempo em Castelo do Piauí, onde visitaram locais históricos como a Pedra do Castelo, além de sítios arqueológicos como Ninho do Urubu, Pedra Furada dos Picos e Pedra do Dinheiro, que guardam algumas das mais antigas pinturas rupestres do estado.
“Ver as pinturas rupestres e conhecer a história da cidade me marcou muito. A fé das pessoas, a lenda do castelo. Foi uma experiência que quero repetir”, disse Isaías Guilherme, da 1ª série.
“Descobri histórias do vaqueiro, do salão das almas, túmulos e rituais. Castelo é o segundo maior sítio arqueológico do Piauí e é muito organizado. Quero voltar”, afirmou Maria Vitória.
Educação conectada à realidade com material pedagógico estruturado
Para além dos roteiros presenciais, o projeto inclui uma trilha pedagógica complementar desenvolvida pelo Canal Educação, com vídeoaulas, videocasts e quizzes interativos alinhados ao currículo do Ensino Médio e aos temas vivenciados nos territórios. Todo o conteúdo é gratuito e acessível nas plataformas da Seduc.
Além disso, os estudantes recebem transporte gratuito, alimentação, kits personalizados e acompanhamento pedagógico, o que torna o acesso equitativo e inclusivo.
Crescimento, impacto e política pública com continuidade
Criado em 2024 com 700 estudantes, o Projeto Turismo Escolar dobrou de alcance em 2025, ampliando de 6 para 14 destinos turísticos pedagógicos. Os roteiros envolvem sítios arqueológicos, trilhas ecológicas, patrimônio histórico, religiosidade popular e cultura oral, mapeados estrategicamente para enriquecer os conteúdos do currículo do Ensino Médio.
“Essas experiências ampliam a visão de mundo, fortalecem a autoestima e a identidade dos estudantes como piauienses. Educação de qualidade também é sentimento de pertencimento”, afirma o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira.
Para ele, o projeto é mais um passo da política de educação integral, inclusiva e inovadora que o Piauí vem implantando com base em evidências e foco na equidade.
Um modelo para o Brasil
Com crescente visibilidade e potencial de replicação, o Projeto Turismo Escolar se consolida como uma política pública de alto impacto educacional e social. Seu diferencial está na articulação entre educação, turismo, cidadania e tecnologia, transformando espaços simbólicos do estado em ferramentas de aprendizagem ativa.
A Seduc e a Setur estudam, ainda em 2025, a inclusão de novos roteiros envolvendo o litoral piauiense, a Serra da Capivara e comunidades quilombolas, valorizando saberes ancestrais e promovendo uma educação mais conectada à diversidade cultural do estado.