Na cidade de Fronteiras, no sul do Piauí, o Centro Estadual de Tempo Integral (CETI) Francisca Pereira de Sousa Morais promoveu um Júri Simulado, envolvendo 30 estudantes da 3ª série do Ensino Médio em uma atividade pedagógica baseada na obra Canaã, de Graça Aranha.
Vestidos a caráter, com cenário montado e argumentos na ponta da língua, os estudantes assumiram papéis de juízes, advogados, promotores e personagens do romance. A experiência além de aproximá-los do universo literário, desenvolveu habilidades de argumentação, análise crítica e interpretação, competências cobradas nas provas do SAEB e do ENEM, mas que, naquele momento, ganhavam vida fora dos livros.
"Nosso foco é fazer o aluno pensar, argumentar, questionar. O júri simulado se tornou uma maneira viva e envolvente de mergulhar na literatura", explicou o professor de Língua Portuguesa Raonix Sousa, idealizador da atividade, que integra o projeto interdisciplinar Água de Pote, vinculado ao Clube de Leitura Seduc.
A proposta é usar o livro como ponto de partida para reflexões que conectem os alunos ao mundo real. E deu certo. A cada fala, os jovens demonstravam domínio não só do conteúdo, mas também de um senso crítico afiado. "Foi incrível sair da teoria e entrar no universo dos personagens. Tivemos que defender ideias com base em argumentos reais. Isso faz a gente refletir sobre a obra e sobre questões sociais", contou o estudante Klevisson Oliveira, ainda empolgado com a experiência.
A colega Ingrid da Silva reforçou o impacto do projeto. "O Clube de Leitura traz conhecimento de forma leve e coletiva. A gente aprende muito trocando ideias e ouvindo diferentes opiniões."
Mais do que uma atividade escolar, o júri simulado virou um espetáculo de aprendizado compartilhado. A comunidade escolar foi convidada a assistir e se emocionou com a desenvoltura dos estudantes. Para Matheus Messias, a experiência foi inesquecível. "Parecia um julgamento de verdade. A gente viveu a história, sentiu o contexto e entendeu melhor o livro. Foi emocionante", resumiu.
Para o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, ações como essa representam o novo momento da educação no estado. "Colocar o conhecimento nas mãos do estudante, fazer dele o protagonista da própria aprendizagem, é o que transforma. Ler, interpretar, questionar, argumentar, essas são habilidades que fazem diferença não só em provas, mas na vida", afirmou.
Com iniciativas criativas e envolventes, como o júri simulado, o CETI Francisca Pereira de Sousa Morais mostra que a Escola de Tempo Integral pode ir além dos muros.